Bombeiros ‘resgatam’ boneco de rapaz com deficiência intelectual em SC

No último domingo (23), o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (SC) atendeu uma solicitação de busca bem longe de ser comum: o resgate de um boneco chamado Nico.

Nico é o melhor amigo de Sérgio da Silva, que havia caído do terceiro andar do prédio onde ele mora enquanto ‘tomava um banho de Sol’.

Eram cerca de 22 horas quando os bombeiros José Custódio Farias, Pedro Fleith, Heveraldo Barbosa dos Santos e Valdecir Preusser, que estavam de plantão, se deslocaram até o centro de Joinville para ajudar Sérgio.

O catarinense de 49 anos tem deficiência intelectual, causada por falta de oxigenação no cérebro durante o parto. Por isso, seu desenvolvimento mental não ultrapassou os seis anos de idade. O boneco Nico foi um presente dado pela família depois que Sérgio ficou encantado com a bonequinha da sobrinha de 8 anos.

Nico acompanha Sérgio por onde quer que ele vá. São inseparáveis, como pai e filho, assim como eram Sérgio e seu pai até dois anos atrás, quando ele faleceu.

“Ele tem roupinhas e troca todos os dias. O Sérgio leva o boneco para escovar os dentes quando escova os dele e comemora o aniversário do Nico junto com o dele. Ele fica com o Nico o tempo todo, menos quando vai para as aulas na Apae. Daí, ele avisa para o boneco ficar bonzinho e tirar um cochilo enquanto ele está fora”, conta a irmã de Sérgio, Solange da Silva.

Daí a urgência de salvar Nico depois que ele caiu da sacada e foi parar em um telhado da garagem do prédio. A família não tinha outra opção para resgatar o boneco que não fosse o Corpo de Bombeiros.

A queda aconteceu no sábado (22) e a irmã de Sérgio fez de tudo para tentar distrai-lo, sem sucesso. No dia seguinte, recorreram à corporação.

“Ele ficava indo para a sacada e olhava o boneco lá embaixo, e ficava chorando e conversando com ele. Não sabíamos mais o que fazer, a não ser chamar os bombeiros para ajudar”, conta Cátia.

Sem muita convicção, ela entrou em contato com o Corpo de Bombeiros achando que não seria levada a sério. De forma surpreendente, a despachadora da Central de Emergência, Jaqueline Gonçalves, compreendeu a situação e registrou a ocorrência para que os militarem pudessem ajudar a família.

“Quando nos falaram que estava caído em um telhado, imaginei que era em cima de uma casa. Não entendi nada quando chegamos e era um prédio, até ver onde estava o boneco. Ali tem uma passagem de uns três metros e outra de quatro metros de altura. Depois, tinha o telhado. Subimos para ver onde ele estava, mas não dava para subir no telhado porque não sabíamos como era por baixo, não era um telhado grosso”, conta o bombeiro José Custódio Farias, que atua há quase três décadas no Corpo.

Encerrando os lamentos de Sérgio, Nico foi salvo de uma maneira bastante simples: com a ajuda de um laço, ele jogou-o no telhado até acertar o boneco. Daí, aos poucos, foi fechando o laço até Nico ser preso pela corda, sendo içado em seguida.
“Tentamos pinçá-lo, pensamos em outras ideias, mas nada dava certo. Foi no improviso, não tinha outro jeito de fazer”, recorda Farias.

Enquanto isso, a família ficou passeando de carro com Sérgio para distraí-lo. Ao chegar em casa e ver Nico na cama, chorou muito, emocionando os bombeiros, que ainda estavam lá.

Na terça-feira (25), os militares voltaram a visitá-lo e ele pôde agradecer novamente pela ajuda. Sérgio prometeu que Nico ficará agora “bem longe das sacadas”.

via razõesparaacreditar

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