Polícia não informou se havia prescrição médica para a medicação que Rosângela disse que a mãe dava ao garoto. Em depoimento, a mulher foi questionada se tinha perda de memória, por ter deixado de dar informações na 1ª vez que depôs.
Por Gabriel Barreira e Leslie Leitão, TV Globo
A empregada do casal Monique Medeiros e Dr. Jairinho, Leila Rosângela de Souza, disse em novo depoimento à polícia que a mãe do menino Henry dava ao filho remédios para ansiedade. Ela também admitiu ter visto o menino mancando e com “cara de apavorado” ao sair do quarto do casal no dia 12 de fevereiro, após ficar trancado com Jairinho.
Ao ser ouvida pela polícia pela primeira vez, Leila havia dito que Henry e Jairinho não costumavam ficar sozinhos no mesmo cômodo. No entanto, no novo depoimento, nesta quarta-feira (14), ela acabou voltando atrás sobre os dois terem ficados sozinhos no quarto.
(Leia mais abaixo detalhes do que a empregada relatou em novo depoimento.)
A babá Thayná Ferreira já havia relatado à polícia que Henry estava mancando no dia em que ficou trancado com Jairinho. A informação também constava em mensagem que a babá trocou com a mãe do menino e que a polícia recuperou após ter sido apagada.
No depoimento desta quarta, Leila Rosângela afirmou que Jairinho e Henry ficaram isolados por cerca de 10 minutos em 12 de fevereiro no quarto do casal. Ela disse, no entanto, que não ouviu nenhum barulho porque passava a maior parte do tempo na cozinha.
Questionada por que não contou isso à polícia em seu primeiro depoimento, a empregada disse que não se lembrava dos acontecimentos. Ao ser perguntada, negou que tenha problemas de memória ou tome remédios controlados.
Remédios para ansiedade a Henry
A empregada disse, também, que via o casal tomando muitos remédios, mas não sabe o motivo, e que Monique dava medicação para ansiedade a Henry três vezes por dia , além de xarope de maracujá. Segundo Rosângela, a mãe do menino dizia que os remédios eram dados porque Henry não dormia direito e passava muito tempo acordado.
A polícia não informou se havia prescrição médica para a medicação que Rosângela disse que a mãe dava ao garoto.
A empregada relatou ainda outros fatos à polícia.
Confira abaixo alguns trechos do que empregada disse no depoimento:
Que, assim que Jairinho entrou no apartamento no dia 12 de fevereiro, Henry saiu correndo do sofá, pulou em seu colo e o abraçou;
Que essa foi a primeira vez que viu o menino ter tal comportamento, e que estranhou o fato;
Que não ouviu nenhum barulho vindo do quarto quando Jairinho e Henry estavam sozinhos porque passava a maior parte do tempo na cozinha;
Que percebeu que a porta estava trancada quando foi ao closet guardar roupas;
Que depois de Henry sair do quarto, ouviu quando Thayná perguntou o que havia acontecido, mas que o menino nada respondeu;
Que viu Henry mancando, mas não perguntou a ele o motivo;
Que ouviu Thayná perguntar a Henry por que ele estava mancando, e que o menino respondeu que havia caído da cama e seu joelho estava doendo;
Que viu quando o menino se queixou de dor de cabeça e pediu para a babá não pentear seu cabelo;
Que Monique disse a ela que dava remédios para Henry porque ele não dormia direito e passava muito tempo acordado;
Que Henry “chorava o tempo todo” e vomitava de vez em quando, mas ela não sabe dizer a razão dos vômitos;
Que no domingo de carnaval, quando falou com Monique para saber quando deveria voltar ao apartamento para trabalhar, a mãe do menino lhe disse que quase voltou no dia anterior, ou seja, no sábado, porque “Henry teve um surto com Jairinho” e que “foi a maior discussão”, mas ela conseguiu acalmá-lo e, portanto, ficaria até a segunda-feira.
Babá também prestou novo depoimento
Essa semana, policiais ouviram um novo depoimento da babá Thayná sobre supostas agressões de Jairinho contra o menino. De acordo com a babá, Monique sabia das agressões contra o filho. Thayná disse ainda que a empregada da casa também mentiu.
O novo advogado de defesa de Monique Medeiros chegou, por volta das 14h, na 16ªDP (Barra da Tijuca), para pedir um novo depoimento e acesso ao conteúdo das investigações.
“Nós pegamos o caso há apenas três dias. Precisamos colher novas informações, conversar com o delegado de polícia”, disse Thiago Minagé. Thiago, que já defendeu ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, assumiu a defesa de mulher de Dr. Jairinho esta semana.
Henry estava no apartamento onde a mãe morava com o vereador Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca, e foi levado por eles ao hospital, onde chegou já sem vida na madrugada de 8 de março;
O casal alegou que o menino sofreu um acidente em casa e que estava “desacordado e com os olhos revirados e sem respirar” quando o encontraram no quarto;
Mas os laudos da necropsia de Henry e da reconstituição no apartamento do casal afastam essa hipótese;
O documento informa que a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática [no fígado] causada por uma ação contundente [violenta].
A polícia diz que, semanas antes de ser morto, Henry foi torturado por Jairinho. Monique sabia;
Em 8 de março, Dr. Jairinho e Monique foram presos temporariamente, suspeitos de homicídio duplamente qualificado, de tentar atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas.
via G1
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